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Dentro do Onde: Arquitetura das Linhas
exposição coletiva: Bisoro, Heitor Dutra,
Ma
rcela Dias, Maria Porto e Paula Rached

exposições

Esta exposição é composta por trabalhos de cinco jovens pintores, todos no início de sua produção, oriundos de Brasília, Recife e São Paulo. Mas o que conecta a produção de todos é uma procura por estabelecer um traço de composição pictórica para expressar temas ligados ao cotidiano, paisagens internas repletas de tensão e estruturadas por linhas que constroem um universo imagético em diálogo com a pintura, para trabalhar temas da ordem do sutil.

Marcela Dias, a única a não produir uma pintura expressamente figurativa, apresenta trabalhos que trazem linhas esvoaçantes no espaço, pontuadas por cores fortes que dão corpo a estruturas que deslizam em suas telas e propõem um equilíbrio no instável, reorganizando uma arquitetura de composição pautada na procura pela construção de um mundo imagético.

 

Heitor Dutra traz trabalhos figurativos repletos de humor e ironia, seja pelas cores que compõem as obras, seja pelo uso expresso de frases que guiam a leitura dos trabalhos ou mesmo pela inserção de animais que estampam cenas cotidianas esvaziadas da presença humana. Ou ainda pelos títulos de seus trabalhos.

 

Paula Rached mostra obras de pequenos formatos, quase estudos de composição de cenas cotidianas, com um forte apelo narrativo e que induzem a uma percepção do que precedeu ou procederá. São fragmentos de momentos repletos de uma visão afetiva do mundo, de gestos e de relação com o outro presente nas cenas – mãos entrelaçadas exaustas, em diálogo com uma diminuta natureza morta em tons vivazes e realizada por gestos fugazes, e duas xícaras e duas cadeiras, ambas entrelaçadas, com encaixes que estruturam as composições e orientam o olhar.

 

Já Maria Porto apresenta pinturas em acrílico com traços quase vetorizados, gráficos, com cores vibrantes e cenas ligadas a um cotidiano infantil, afetivo e desfigurado, na medida em que os rostos e corpos das crianças são de alguma forma apagados, estabelecendo assim uma narrativa indagadora sobre a infância e a memória.

 

Bisoro, por sua vez, apresenta trabalhos com retratos de criaturas disformes incômodas ao olhar do outro e que operam um jogo de repulsa e convite; convite este que se dá pelo uso de elementos adociçados às pinturas, seja pelúcias ou estrelas cor-de-rosa brilhantes – adornos que convidam a uma identificação desconfiada.

O desafio de uma coletiva se dá sempre no estabelecimento de relações entre os trabalhos, que justificam suas aproximações. O lugar comum de todas está presente nas escolhas cromáticas e nas estruturas indicadoras de movimento e repouso. Mas não só.

As linhas, cores e formas aqui apresentadas propõem a construção de um lugar-tempo, seja para criar uma paisagem ou cena imaginada seja para recriar momentos que precisam ser fixados, tanto explorando sincronicidades de mundos ou memórias, que agora se apresentam em obras cujas arquitetas formulam um novo lugar, como suprimindo um tempo conectado e dentro de linhas fugazes e indagativas.

Texto: Rodrigo Villela

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