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Laura Falzoni

artistas 

1962

São Paulo, São Paulo

 

O universo visual de Laura Falzoni se compõe a partir de uma longa relação com a fotografia e técnicas gráficas. A partir de um princípio de remix de imagens de fontes distintas, a artista dá vazão à seus impulsos de intervenção manual sobre diversas tipologias de impressão e imagens técnicas. Suas colagens, digitais e analógicas, relevam o impulso que artista carrega de interferir organicamente em imagens imbuídas de grande rigor gráfico, revelando um raciocínio visual que opera amplamente via contrastes e sobreposições.

 

Trabalhando através do princípio de impressão sobre impressão, a artista registra em suas composições o desejo de adição de camadas de significado. Sua lógica de sobreposição resulta em imagens que se complexificam de acordo com suas interferências, ganhando sentidos frescos pela coexistência de signos de tempos distintos numa só superfície.

 

A imprecisão da mão versus a precisão da imagem técnica é um dos antagonismos presentes em sua obra, que evidencia a presença de suas autointituladas “mãos nervosas”. Num processo de constante fragmentação e reconstrução do universo visível, Laura rearranja o mundo ao seu redor de acordo com a organicidade de sua prática. O resíduo da mão, em seu trabalho, é um índice da sensibilidade do olhar da artista sobre a imaleabilidade da imagem automática da câmera e das técnicas digitais de impressão. Ao consentir a irregularidade em suas composições, Laura Falzoni fala da autorização ao acaso, ao erro e a dúvida no grande escopo das atividades humanas.

As imagens elaboradas pela artista parecem comentar as relações de harmonia e consonância presentes no mundo visível: o prosaico e o fantástico coexistem em seus espaços bidimensionais, se contrapondo para revelar novas relações de significado. Seus céus e santos sugerem uma vontade de aludir ao contato com o intangível: aquilo que podemos ver e representar, mas não tocar. O desejo de toque, nesse caso, é saciado pelos gestos da artista, que manipula a matéria e torna tangíveis os domínios imateriais de seu imaginário sensível.

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